domingo, 11 de agosto de 2024

Ratos II / Ruínas




(Estupefatos, os ratos amestrados
entre canos acrílicos
não reconhecem o ambiente.)
 
Ziguezagueando pelo escombro superpovoado,
o míssil teleguiado faz a curva impossível
rumo às crias da sarjeta;
a Dama da Escopeta me puxa para fora
do vapor intoxicante
e seguimos adiante por caminhos separados,
interligados pelos códigos assimilados.
E do desnível, a cerca invisível
feita propositalmente para a eletrocussão
por indução psicológica,
convulsão espasmódica costumeira na armadilha,
os céus de baunilha como um sonho lúcido
deixam translúcida a sanha pelo extermínio;
carcaças de alumínio e titânio e silício pensante
soerguem-se como gigantes
sem um criador benevolente,
enquanto os crentes num inferno redentor
pela ocupação produtiva,
em carne viva, na dor cativa,
caem um a um, dominós dominados,
Iluminados pela luz clínica
do cinismo ciclotímico
do registro audiovideogravado
viralizado pelos labirintos
por onde somos canalizados.
Escoando vou, e você vem,
se esgueirando pelo túnel do trem semi-inundado
até às ruínas do que fora uma estação,
antes da radiação
evacuadora da civilização.
E, de repente, alguém está ali ao lado da roleta:
a Dama da Escopeta.
(E ela diz: "Chega de rimas".)







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