terça-feira, 16 de dezembro de 2025

O imaginário






O que se apresenta a você
e todas as cores que se vê
retiram da sua mente a porção
modeladora da visão
que sobre você exerce atração.

É como lançar-se no vazio,
o equilibrar-se num fio.
Quando você pensou ter encontrado, finalmente,
aquela pessoa que faz seus dias sorridentes,
tudo que você sonhou
e quão intensamente amou
se revelou outra fantasia solitária:
reciprocidade é uma aventura imaginária. 

Você desejou demais,
você esperou demais
das pessoas e coisas e até
de você mesmo, que é
aquele que sonha sem firmar os pés.

O imaginário nos deixa sós
nas alturas do albatroz,
para não se enxergar, lá na terra distante,
aquelas verdades tão pequenas e tão gigantes.
O imaginário chegou
sorrateiro e se alojou
em cada casa e coração e cérebro inocente
e agora toca em frente o nosso passo imprudente.

Talvez rir seja meia-solução.
Qualquer motivo para existir.
Quem sabe, abraçar a ilusão
enquanto estivermos aqui.

O que se apresenta a você
e todas as cores que se vê
resistem à interpretação,
somente induzem à ação
que nos dilui no mar da multidão.

O imaginário é da vida
a tão lendária corrida,
então você para e pensa: o que será desperdício
ou aproveitável de cair no precipício
de idealizar alguém
ou algo que não se vive sem?
Encontrar sentido para a dor e o ridículo,
a naturalidade em nosso vínculo.








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