segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Súlfur




Uma massa viva, hidrodinâmica, que se estende por vinte e oito metros; todas as células concordam quanto à direção a ser seguida. Uma beleza e uma força que não são humanas. O domínio do meio líquido é tal, que ela se sente mais leve que os pássaros que nela pousam. Para nós, umas “cem toneladas”, que nos remetem a tonéis... Para ela mesma, uma bailarina na imensidão acolhedora, seu vasto lar.
 
Ah, esqueci que você não se interessa por isso. Tentemos outra.
 
Elas se movem em fila, com toda determinação, na máxima organização. Um primor de perfeição geométrica, são seus corpos. Tudo funcional, cada detalhe; tudo é lógica acima de qualquer estética, em seu existir e agir. Mas a beleza aflora ao redor delas, simplesmente; aflora até delas mesmas. E a força, novamente. Força para carregar, como um Atlas, seus mantimentos. Vendo de uma perspectiva microscópica, seus lares são monumentos colossais.
 
Podemos escolher nossa perspectiva!
 
Bem... Acho que você não escolheu nenhuma. Apenas aceitou o que lhe ofertaram ou impuseram. Mas você teve todos os recursos para ir além, para empatizar, para ser. Observar com os amplos olhos do amor. Mas ainda julga que enxerga somente letras, nesta página. Apenas a sua carne, em você. Apenas o tempo presente.
 
Este que nos prende à terra, ao solo; ao labor monumental, esmagados por nossas próprias cem toneladas sem direção.








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