Um
Espírito Santo melancólico
baixou
em meu apartamento,
mas
meus cinco velhos sentidos se calam por um instante
e
os novos me surpreendem
não
mais tão jovem... e ainda indeciso.
Vejo
você seminua, ligeiramente entorpecida,
inacabada
como uma escultura de Rodin.
Meu sexo pulsa no compasso do meu coração
–
espasmos de um animal enjaulado,
nunca
domesticado, selvagem e faminto.
Então
descubro:
a
paz mais branca e convencional
pode
ser atingida
sem
drama ou conflitos.
Alimente
a criatura:
ela
é inocente de ter nascido assim.
Ela
descansa com um tipo especial de carinho,
e
é somente você que detém a técnica.
O
objeto de minha saciedade
não
precisa tentar me seduzir a todo momento,
não
precisa ocupar todos os meus pensamentos,
não
precisa ser a minha razão de viver
e
nem mais se justificar.
Alimente
os demônios:
você
não iria querer ver
o
resultado desta negligência
desmoronando
sobre o seu mundo cor-de-rosa.
Você
não iria querer ouvir
o
grito dos demônios...
Alimente
e criatura
e
você se libertará
dos
laços que lhe prendem ao chão,
pois
o chão nada mais reivindicará
e
você estará
livre
e desimpedida
para
chegar até Deus.
(Eu
disse: até Deus.)
Um
Espírito Santo domesticado
baixa
em meu sexo
e
o meu corpo oscilante,
anticonvencional
por um instante,
não
é indeciso e não vai desmoronar
com
dramas e conflitos
que
não dizem respeito a ele.
Meus
sete sentidos são portais
para
o infinito dos sentidos intocáveis,
intangíveis,
imponderáveis, inimagináveis,
insustentáveis
fora de seu elemento.
Alimente
os seus demônios,
alimente
os meus e estamos conversados;
já
vencido o inimigo, resta a virtude
desatrelada
e plena –
sem
carências, sem excessos,
sem
goles de champanhe, sem pactos
inumanos.
Não,
você não iria querer ouvir,
você
não suportaria,
você
não sobreviveria;
não
faça nunca questão
de
imaginar...
o...