quinta-feira, 28 de março de 2019

Magic toys





FIRST SEGMENT


I came around
to discover what’s beyond the bound.
A new device,
shining flying tools shall be my guide
through the valleys
projected by an ancient mind;
less elastic than we expect
for plasmic holograms.

I called you out
from the peaks, the echoes growing louder.
Returning boats,
sailors complete their cloudy loads.
We’re connected to this –
the platform which brings us the highest bliss.
Waiting for the rising tide,
waiting for the sun to shine.

Freeing the feeling
and rolling the scenes we are in or out.
Feeding the chanting winds
that emanate from the upside ground.
Here I get. Let me left.

Our Master reigns
over time and space.
Let me go, let me enter
these brand open ways.

Your magic toys,
they just fill my life with joy...

We’re connected to this –
feel the cosmical kiss
reach us far along the ride,
sharing wonders built in light.
All the voices arise,
all the colors converge
and we merge
in the panoramical comfort.
Ah…

Oh, what a magic night…
Oh, what a magic night…
Our musical spacecraft flies
towards lazy satellites.
Oh, what a night…
Oh, what a night…
Oh, what a magic night…

A better world that’s all here,
here all the way down my heart.
A better world, all here;
lifted heads up to the sky.
The sky… The sky…
above our heads, lovely bright.
A better world, all here,
all here…



SECOND SEGMENT


Waiting for the sun to shine.

Beetlejuice. (X3)



THIRD SEGMENT


I came across
an accumulation of projections.
Until you wake,
I will wait aside the found direction.
We’re connected to this –
the moment the earthling for so long missed.
Waiting for the fireworks blow,
waiting for the sun to glow.

Lightening slidings of boards
on which riders mock all their fears.
Holding the folder in which the worlds scroll
we’re the puppeteers.
Gentle ears to handle.

Oh, weather’s warm
like a rose-colored nebula.
Sky’s a vast heart-shaped light sign,
not quite regular.

Your magic toys
make a sudden funky noise...

We’re connected to this 
a superior wish
went to send the lonesome ones
to rest in refreshing ponds
all over the globe’s crostal zone
with no added cost.
A fraternization of nations.
Ah…

I’m waiting for the sun to shine.

Kneeling and leading and clearing the feeling
and healing too,
oh, healing too, ah ah.
Kneeling and leading and clearing the feeling
and healing too,
oh, healing too, ah ah.

Your magic toys
swing me on and on…
ah… ah…

Magic toys.
Magic toys.
Magic toys.









Distopia porto-alegrense





Cada vez que cruzo esta fortaleza em ruínas,
estendo meu fio de Ariadne forjado em surdina.
Paredes opacas de construções amontoadas sem ordem;
a triste mensagem de um grafite que se descolore.

Dromedariódromos aos berros nas calçadas largas
e os ambulatórios infectados pelas novas pragas.
Arroios diluvianos chernobilizando os vultos;
resíduos de obsolescência tecnológica entopem dutos.
Iê-ê. Iê-ê. Iê-ê. Iê-ê-ê.

Me pergunto:
foi pra isso que derrubaram as árvores?
Me pergunto:
foi pra isso que aterraram as margens?
Oh-oh-oh-oh.

Era um tempo em que a gente dançava sem DJs de laptop.
A gente arriscava a chula, mas garantia o pogo e o mosh.
Mas de que adianta relembrar o que se perdeu no espaço,
se em breve as coisas cambaleantes virão em nosso encalço?

Sufocados pelo gás, não sabemos mais quem são os vilões.
Temos os skates e eles as armas. Todos meros peões.
Trompas de Eustáquio estouram com o volume da pregação.
Televisionados, os hipnotizados são multidões.
Iê-ê. Iê-ê. Iê-ê. Iê-ê-ê.

Me pergunto:
foi pra isso que derrubaram as árvores?
Me pergunto:
foi pra isso que aterraram as margens?
Oh-oh-oh-oh.









- branco - white - beluga -





É uma história triste,
uma lenda sobre o gelo,
sobre ancoradouros invernais,
sobre uma pobre mãe
que perdera seu filho
tragado pelo mar glacial.

De vigia na neblina do cais.
As crianças voltam
no final.

Belugas saudando a embarcação.
Presságios cortando a imensidão.
Pequenas almas que se perderam
nas águas, ainda a brincar.
Galeões fantasmagóricos
somam-se ao desfile mágico:
inevitável reter em verso
os fantasmas brancos do mar.

Silente, ela faz a pira
à direita do iglu,
lembrança da tradição Inuít.
Mas não como eles,
ela usa um óleo limpo,
como é o limbo de onde ele flui.

Ao espelho da redoma azul,
os pequenos jorros
assomam.

Belugas saudando a embarcação.
Presságios cortando a imensidão.
Pequenas almas que se perderam
nas águas, ainda a brincar.
Galeões fantasmagóricos
somam-se ao desfile mágico:
inevitável reter em verso
os fantasmas brancos do mar.

Ainda sobre as estepes
ou quando marchamos na neve,
aquelas fluídas presenças
vêm marcar o tempo final
da espargida geada atual.
Escoltados por narvais
virão os sinais.

Belugas saudando a embarcação.
Presságios cortando a imensidão.
Pequenas almas que se perderam
nas águas, ainda a brincar.
Galeões fantasmagóricos
somam-se ao desfile mágico:
inevitável reter em verso
os fantasmas brancos do mar.

Inevitável reter em verso
os fantasmas brancos do mar.










O terraço





Vamos contemplar a cidade daqui
do alto deste prédio,
à luz das estrelas; vagaluminosos
somos também, entre os astros novos.
Luzes destas ruas aos nossos olhos
transmutam-se em verões.
Nossas estações interiorizam-se
em corações. Ah, ah.

Vou voar e navegar de novo na ilusão
tornada real.
Entoa um cantochão madrigal
na noite dual.

Então vem, me faz
esquecer de sofrer...,
pois tens mil idades
em crer no viver...

Eternizo o teu langor.

Vamos contemplar a humanidade
como uma experiência,
um risco necessário ao destinatário,
um deus menino e sua carência.
Vamos acender as lâmpadas
de magia rediviva,
dar algum sentido ao vivido
ou à sofrida via. Ah, ah.

Vou voar e navegar no éter suspenso,
tua presença.
Coroar-te-ei de ramos,
auréola dos gamos.

Mas vem, me faz
esquecer de sofrer...,
pois tens mil idades
em crer no viver...

Eu sei, soa da cidade
um trem a correr...,
mas tens mil idades
no Bem – chão do Ser.

Eternizo...
eternizo...
eternizo o teu langor.







Art by: Pascal Campion

A última manhã





A última manhã,
a última tarde de sol para nós.
A última noite que cai
e se vai
sem ser notada.

As cores da manhã
em meio à distração, véu de ilusão.
Ou mesmo a tormenta que afasta
ou faz desgastar
as flores das sacadas.

Sem ter a visão, a chance,
última contemplação
de alvoradas,
madrugadas iluminadas,
pensei, do fundo desta cela,
nos jardins dos palácios.
Quando surgimos aqui,
para persistir, sorrimos.

Se o mundo receber
esta mensagem codificada,
quem estará a postos
em meio aos restos
da civilização?

Se restos não houver?
Nem sequer versos encapsulados?
Ou nenhum vestígio dos álbuns,
quer sejam alguns excertos
de emoção?

Quem foi, de nós, que errou
desde o início dos tempos?
Alvoradas,
madrugadas inutilizadas.
Do fundo desta esfera
de remorso universal,
quem dará um sinal
de que, afinal, ressurgimos?

Tanta solidão
não caberia neste céu azul.
Tanta solidão
não caberia numa canção.
Uma vida inteira
que caminha para a beirada
da insuficiência de toda ciência,
quando se sabe
que é a visão final
da vida.
Ou talvez a última canção
ouvida.

Ou seria a última manhã
para o mundo...?








Epifania





Limão e mel, os traços no papel;
os olhos se cerram como o dia encerra
sem ter palavras para definir
o inaudível zumbir
deste chamado natural.

Ainda é parte da revelação:
as cercas curvadas de trepadeiras agrestes –
as corredeiras cercam o que jaz
ao leste dos trigais –
degelos de hibernações
e as formas maternais do Ser Supremo:
o diadema prismático decompõe
o branco estático.

“Você é o ser
pelo qual anseia o jogral.
O filho da Terra e do Céu,
definidor de bem e mal.
Eu sou a rainha do ébano noturno profundo,
moldura da explosão dos grãos luminosos
de mundos seminais;
irradio sinais de dentro de você,
seu centro axial.

“E quando a luz voltar ao céu,
é lá que irei estar, no seu olhar,
a abençoar a quem não me esqueceu.
E quando o sol se eclipsar,
não busque mais longe e além:
perdoe a si mesmo antes do ‘amém’.”

Amendoado amor,
indica o pátio da fonte
do acolhimento total.

Perdoe a si mesmo antes do “amém”.
(E mais alguém.)
Perdoe a si mesmo antes do “amém”.
(Sem ver a quem.)
Perdoe a si mesmo antes do “amém”.
(E mais alguém.)