quinta-feira, 28 de março de 2019

A voz das águas





Ó marinheiro! Vejo que chegaste à margem
desta ilhota onde durmo e fumo memórias
de glórias passadas.
Sou um velho pescador nos rios,
os quatro que caem neste baixio
que em guarani se diz Guaíba;
é aqui minha lida desde o meu nascer.
Ouço o que as águas nos falam,
as ondas embalam
sua voz a dizer...

Quando sou lago, me apego ao lugar;
as profundezas vão vidas gerar.
Quando sou rio, volto a correr;
a correnteza cumpre o seu dever.

Aqui já estive muito antes dos casais
que dos Açores vieram, trouxeram suas flores
e esperanças.
Como estas margens, somos moldados
e também moldamos paragens,
trilhamos rotas, em botas, em rodas e remos;
desaguaremos
onde todas as almas se juntam.
As águas não lutam:
misturam-se em paz.

Quando sou lago, me apego ao lugar;
as profundezas vão vidas gerar.
Quando sou rio, volto a correr;
a correnteza cumpre o seu dever.

Somos nós todos pescadores!
Marinheiro, tu és um de nós!
Ouças a voz que é um aviso:
tu podes te renovar!
Ser parte deste lugar!
Tu tens que mergulhar.
Como o sol bem o faz...








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