segunda-feira, 3 de maio de 2021

Meu querido espelho bruto...




Meu querido espelho bruto,
Meu gemido dissoluto,
Teu gingar a passo enxuto,
Teu olhar de anjo puto
 
Abre um nicho necessário
Para as contradições várias,
E nesta de que és usuário
Faço minha paz hilária.
 
Então corro o belo risco
De prender-me em teu aprisco,
Pois não sou menos arisco
Que as delícias que belisco.
 
Como inofensivos somos,
Nos permitimos o bônus
Do desfrute dos assomos
Das frutas que são o ônus
 
Dos estudantes da vida –
Teu arroto é uma cantiga,
E teu peido é que me avisa,
Como das tardes a brisa,
 
Que teu beijo é recompensa
E teu riso é renascença,
Nossa pele é luz intensa
E a alegria, minha crença.








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