segunda-feira, 3 de maio de 2021

O sonhado





Partiu o viajante,
apenas porque o gosto de um lar
não mais conseguiu sentir.
Talvez além da Lua e dos astros
sem fases e sem eclipses;
além das estrelas
que nem sequer piscam
à nossa visão.
 
Os sonhos...
 
Mas os sonhos, por sua vez,
remetiam a um passado infantil,
sempre e sempre;
tal como o trenozinho
de Charles Foster Kane
ou aquilo que você mesmo
lembrou agora.
 
Aquilo que jamais poderá morrer,
mesmo que todo e qualquer resquício
de seus ossos
já se tenha volatilizado
na derradeira expansão solar.
 
Aquilo que está no centro,
eixo e coração
do que você insiste inutilmente em tentar esquecer
que se trata justamente
do que você é.
 
Em qualquer lugar,
ou sob quaisquer continuadas metamorfoses
de suas superfícies e roupagens,
louvado seja e será
o eternamente sonhado.








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