domingo, 18 de novembro de 2018

Os reprodutores




Sementes de mim encontram o fim
de um túnel mais fabulosamente adequado
para a transmissão da informação
que garante a ignição do aparelho do Estado.

Mas era um delírio: me esbaldei.
Era só um sonho e quando acordei,
eu tinha casa, filho e mulher que não amei.

Estrelas no céu, dores a granel,
incontáveis cabeças vão rolando no estrado
da masmorra da paz distorcida e sagaz
na arte de me convencer a ser seu aliado.

Era um delírio: me esbaldei.
Era só um sonho e quando acordei,
eu tinha casa, filho e mulher que não amei.
Tinha casa, filho e mulher que não amei.

Teorias vão, teorias vêm
e ainda se diz amém ao trono do Império Galáctico.
Novas gerações, velhos ideais
e você pede mais do entretenimento pragmático.

Mas era só delírio: me esbaldei.
Era só um sonho e quando acordei,
eu tinha casa, filho e mulher que não amei.
Tinha casa, filho e mulher que não amei.
Tinha casa, filho e mulher que não amei.
Tinha casa, filho e mulher que não amei.

(A ideia consegue convencer,
consegue ludibriar,
consegue tirar o que quer de nós
antes mesmo de sabermos
que existimos e respiramos.
E isso é o que sobra
e se arrasta pelo continente:
o contingente da desesperança,
a geração da ignorância,
alimentada pelo lixo virtual,
abortada na latrina da América.)








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