segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Homenagem ao meu amigo imaginário





Neste que é o meu momento mais solitário,
homenageio o meu amigo imaginário.
Com quem mais preciso conversar agora.
Os olhos que quero contemplar nesta hora.

Se eu falar de amor, ele sabe os 3 tipos;
se eu mencionar um autor, ele conhece o livro.
E conhece também as mesmas lendas e mitos,
até os que finjo que acredito.

E caminhamos nas mesmas alamedas,
admitimos ter os mesmos medos...
Eu sei que alguém sempre me ouve.
Alguém me ouve, perto ou longe.

Ele fala de ufologia, de parapsicologia;
até dos mistérios absurdos da criptozoologia.
Ele também consegue alternar na playlist
Ramones e Pink Floyd, e vai
de Billie Jean a Paranoid.

Nossos silêncios são oculta telepatia,
nossas visões preenchem os vazios...
Eu sei que alguém sempre me ouve.
Perto ou longe, alguém me ouve.

Ele se joga no sofá de pés para o ar,
compartilha a pipoca e os Cheetos,
conhece todos os filmes antigos,
os filósofos esquisitos,
e as HQs de Alan Moore e os mangás
que ninguém entendeu,
só ele e eu.

Aquele que eu já conhecia desde bem pequeno,
e à mil por hora no gira-gira, mantinha-se sereno;
e em minha caxumba, me trouxe o vinil
do Juninho Bill, e comigo ouviu.

Um dia este diamante gigante
se espatifará e se fragmentará
em milhões de rostos felizes,
a longa espera de uma vida.
Mas, por enquanto,
eu sei que alguém me ouve.
Alguém que me ouve
neste exato instante.

...e não gostamos de super-heróis,
a menos que sejam
nós.








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