domingo, 11 de julho de 2021

Die Nibelungen




Orientem-me os planetas
em seus trajetos laceados;
conduzam-me as corujas
por entre o baixa-mar neblinoso;
valham-me as novas armas e elmos
que nunca antes imaginei utilizar
em idos tempos do familiar esplendor
cujo maravilhamento como colateralidade
trazia-me o torpor e a introspecção.

Ao menos uma coisa, aquela
que obtive do Alto o direito
de chamar de minha, luminosidade
que agora aquece os imerecedores,
roubadores do que jamais compreenderiam;
a coisa esplêndida,
o ouro incomum,
a jóia indegradável
moldada em artefato indelével,
esta remanesce em algum lugar
luz sem faroleiro
ou campo sem lavrador,
sem aquele capaz de direcionar
ao mais digno propósito
o alcance do fator criador.

O desdém dos povos
pela lamentação do guerreiro,
pela imolação do profeta,
pelo martírio dos infantes
e pelas dores tão gritantes
dos mudos que nem gritar o podem,
mais uma vez poderá
condenar a Terra
à recorrente treva.

Agarro-me com toda minha alma
e todo meu sangue
à imagem fantasmagórica
da maior beleza objetivada concebível.

Já a coisa em si,
esta se encontra no profundo de cada ser 
porém oculta e velada
e aprisionada por disformes anões
que por geração espontânea
permitimos que se cultivassem
em nossas internas paisagens lendárias.
Pelo mais simples e épico
dos descuidos.

Um canto de lágrimas sem recuo.
Um gemido de dor na coragem.
E no centro da desolação:
o sussurro da desencantada
e lúcida esperança.



(Apêndice:)

Erniks
Diespirssen
Plummedren
Artenblott
Machsblesser
Merschgressen
Aughben








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