sábado, 6 de janeiro de 2018

Loch Ness





O sol reflete nas águas e desperta a vida.
Organismos se agitam: almas entretidas.
Por que ainda insisto em me ocultar
nos vaivém dos humores tão lunares?
Entre fases e eclipses,
entre ciclos esperei
por um motivo para a coragem
de permanecer na claridade.
Sempre que emerjo,
respiro esperança e desespero,
e quando mergulho não me reconheço,
não penso, não sinto.

Se eu não tentar, nunca vou saber.
Se eu não tentar, nunca vou saber.

Mas hoje é um dia de sol e algo mudará.
Antes que ele se ponha, tempo haverá.
Mas as profundezas seduzem tanto,
e a claridade revela tudo,
até o que não queremos ver.
Já vi e sei o que temer.
Da última vez que subi,
eu vi a perdição do mundo
e voltei, assustado,
mas o som do choro dos aflitos
continuava em mim, me impelindo
a tomar uma decisão.

Se eu não tentar, nunca vou saber.
Se eu não tentar, nunca vou saber.

(Eu sei que cada vez que venho à superfície,
as pessoas gritam e correm a buscar suas câmeras.
De qualquer maneira, sempre chamo atenção,
sobretudo quando me oculto,
logo após deixar minha marca onipresente.)

Que tremam os ímpios!
Aguardem pelo monstro que a todos salvará.








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