Você não sabe o que há por trás desta chuva.
Se
soubesse, já estaria em casa, rezando,
ou
fazendo algo mais efetivo, se possível.
Não,
esponja de aço na pele agora também é
manifestação
de romantismo arcaico.
Você
quis a nostalgia,
logo
quis também concretizar a distorção
da linha
do tempo,
ao
resgatar emoções doces como
relva,
água, risos, corpos, almas.
Não
posso condenar você.
Apenas
digo, frio na linguagem
e
queimando por dentro:
você
não sabe o que significa esta chuva.
O perigo
é doce,
o perigo
nos conforta,
sua face
de veludo
projetando
reminiscências incensadas.
Nós aconchegamos sobre o peito liso do perigo,
entre
preces silenciosas de agradecimento.
Ainda
vejo as duas crianças sob a chuva,
inconsequentes
mas tudo sabendo,
sem
contar as horas,
simplesmente
vivendo, absorvendo,
já
cometendo
o erro
fatal, original,
de
voltar as costas para o sol.
Não,
você não sabe o que há por trás desta chuva.
Meus
pêsames.
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