quinta-feira, 4 de julho de 2013

Uma nuvem singular





Você não sabe o que há por trás desta chuva.
Se soubesse, já estaria em casa, rezando,
ou fazendo algo mais efetivo, se possível.
Não, esponja de aço na pele agora também é
manifestação de romantismo arcaico.
Você quis a nostalgia,
logo quis também concretizar a distorção
da linha do tempo,
ao resgatar emoções doces como
relva, água, risos, corpos, almas.
Não posso condenar você.
Apenas digo, frio na linguagem
e queimando por dentro:
você não sabe o que significa esta chuva.

O perigo é doce,
o perigo nos conforta,
sua face de veludo
projetando reminiscências incensadas.
Nós aconchegamos sobre o peito liso do perigo,
entre preces silenciosas de agradecimento.

Ainda vejo as duas crianças sob a chuva,
inconsequentes mas tudo sabendo,
sem contar as horas,
simplesmente vivendo, absorvendo,
já cometendo
o erro fatal, original,
de voltar as costas para o sol.

Não, você não sabe o que há por trás desta chuva.
Meus pêsames.








Nenhum comentário:

Postar um comentário