quarta-feira, 3 de julho de 2013

Condores





Morrer condoreiro, condoído,
de sol a sol sob o regime
das fumaças e fornalhas,
dos calos das enxadas e das pedras britas,
ou no fogo cruzado entre clientes e gerências,
ainda assombrado pelo relógio
e obrigado a prestar reverências a ele,
cuidadoso para não ferir
os sentimentos psicóticos das máquinas –
Ah! quem me dera
não mais pagar com a cruz da infâmia
o minuto roubado
para a confecção deste poema
inconsumível e invendável
e os minutos contados,
contabilizados, logistizados
que negligenciamos em prol
da compassiva contemplação
do passeio dos condores.


(13/08/09)








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