Até
onde meus pés podem ir
para
o caminho ser meu?
Trilhas que possuem histórias
nunca
antes narradas
–
privilégio de saber.
Sou
fragmento desta amplidão
que
ajudei a cultivar.
Mesmo
sem querer, eu fiz a parte
em
cada gesto e riso.
É a
gleba que engloba os pontos cardeais,
rosa-dos-ventos
cataventando meu andar em frente.
Sem
fronteiras, nem barreiras, como sou também.
Espiralo
num espasmo, pasmo ante a vista
a
perder de vista.
Como
triste fico ao ouvir,
destes
lábios que beijei,
imposto
o que deveria ser
ou um
gosto ou vocação
de um
simples coração.
Como
tristes seríamos nós,
confinados
a regiões,
se
somos multicultivadorizadamentes
entes.
Minha
terra tem Palmeiras e Corinthians,
Gre-nal
violeta, Fla-Flu de várzea sem juiz.
A
garoa vindo à toa não difere
Oiapoque
e Chuí e eu intuí qual a face
de um
amplo lar.
Chimarreadas
são mais divertidas
sobre
palafitas;
entre
igarapés e mangues,
um
lenço Chimango se agita.
Ecoando-se
a acordeona
de
uma barca no Amazonas.
Chocolates
de Gramado
num
teleférico ao Corcovado
são
mais doces que um Pão-de-Açúcar,
mas
as cucas
não
têm Estado.
Até
onde seus pés podem ir
para
ainda ser você?
Não
respondo, mas posso sondar
a
resposta do próprio solo.
Minha
terra estende redes entre montes,
espalha
o pólen das criações dela pelo ar.
Eu
escuto de olhos fechados essa voz
feita
de muitas vozes, cores cambiantes,
penas
de pavão gigante.
Minha
terra tem aroma exótico e sutil,
tem o
gosto indefinível de um araçá azul.
Sem
fronteiras, nem barreiras para as asas-
deltas
que pintamos, sinestesia-maresia
de aqui ser.