domingo, 30 de junho de 2019

Fogo de chão, festa no céu






Fogo de chão,
tremulante é a visão
ao redor da qual somos irmanados,
seja em galpões
ou em clareiras de aconchego,
um nicho sem tempo
para contadores de lendas
alimentadoras
dos guerreiros da paz.
Fogo de chão 
as chispas em ascensão;
pensamentos que volitam
ou que aqui crepitam.
Enquanto, no vasto descampado,
as inumanas lanternas
pairam sobre as colinas e os prados,
ondulam os lagos,
tangem os gados
para fora do abrigo arbóreo,
deixam marcas e códigos.
Nossas vigílias proféticas
vislumbram as faces dos mundos
oriundos da mesma fonte.

Eu observo
a marcha das estrelas
que têm um quê de terrenas
quando olhadas com olhos
de noite serena
guardada no País das Lembranças.
Avante, as tochas
exploram sendas ignotas,
impelem proto-humanos
como a proto-anjos
à maneira que a Eternidade
sempre o fez.
As histórias se recontam
com novos detalhes,
atualizam-se contos de fadas.
Bruxuleante ou altivo
é o brilho.

Fogo de chão.

Brumas vivas sobre os cimos.
Ao chamado, convergimos
ao círculo que abrimos,
comunhão que transluze
o foco no diverso
do plano multiverso
que transmude o verso
em mais luz.
A forma sinuosa
sobe e evolui nas alturas.
Não somos mais os mesmos.
Porque tudo em nós se iluminou
– nada que já não estivesse lá.
Onde quer que pudéssemos estar,
e a bel prazer
nos transformar.

"Eu não vou deixar apagar
a luz dos olhos teus."

Eu sei o que são
as luzes no céu,
os sinais nos campos,
os jorrantes buracos brancos
no centro do centro
dos olhos.









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