sábado, 10 de abril de 2021

Sobre as cabeças




Tão adoráveis
em fila ligeiramente ondulada
sob o pátio coberto,
tão despreocupados
em seus assuntos televisivos
e a destreza em se rir
das aparências uns dos outros,
até mesmo dos vestidos e maquiagens
das professoras canastronas,
a vice-diretora matrona,
o vigia-porteiro bonachão
e tudo adornado pelos ecos não tão distantes
dos apitos do professor de educação física
e as onipresentes risadas
em praticamente todas as distâncias.
Como se não houvesse futuro
e o agora fosse sinônimo
de eternidade.
(Ainda estamos lá.)
As meninas sempre com seus segredos
amplamente compartilhados.
Todos os dias algum menino
tentando provar que ele é mais que um menino.
Sempre algum espaço nas agendas
para alguma fruição,
mesmo com tantas tarefas
e ocupações.
(Realmente, milagroso.)
Todos subitamente correndo agora
ao som de duas músicas diferentes misturadas,
como se nem fosse dissonância.
Uma doce campainha
como se nem fosse sirene.
Como se fosse união,
a jovial aglomeração.
 
Mas algo insuspeitado
ameaça cair
sobre as cabeças.








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