sábado, 16 de janeiro de 2021

Graduação vital*




As cidades
sem horizonte
choram por seus filhos,
na construção árdua dos trilhos;
choram pelas chuvas e monções,
suas plantações
submersas.
Violetas e hortênsias
em parapeitos,
violência sussurrada
como as flautas dos canaviais
da ambiguidade decorativa
dos sonos das meninas
diversas.
Espetáculos pálidos
para a garantia dos sorrisos
esquálidos dos inválidos.
Momos.
Reis e rainhas em andrajos
acenam para os dois sóis
revoltos no perímetro
do arco-íris circular,
alimentador periódico
dos arrozais
emersos.

Sem mais saltos no tempo.
Apreciar o momento.
Imortalizar
o escolhido-colhido.
O mecanismo
é desde já imortal:
o eixo
caleidoscopiza / girandoliza
a afeição do reino invisível
a partir de dentro
dos seres visíveis.

As visões prosseguem.
Fonte saudada
de tudo que é saudade;
forma variável
da imensa divindade
tangível.

Uma nova lágrima
que desconhece a própria causa.
O fluxo das coisas
transcende a captação.
Vidas são vinhas
que se esgueiram
pelo ar;
folhas e ramos
que balançam
devagar...








* Título alternativo: "Guirlanda vaporosa"

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