domingo, 30 de junho de 2013

A jornada espacial de Al-Erik





I

Etapa caótica.

Câmara astroébria para o volver do pacificador.
Estímulo de jato nebulificador – eus,
nossos eles.
Renasço, ainda! E sempre.
Algo sou.
Ao amanhecer – e de dentro pulsa.

Tu pulsas ao compasso do influxo.
És à toa, mas impossibilitado de desatrelado voar.
Amplio então teus interstícios célebres;
astros em desfile para o vórtice.
Alívio intraósmico – cada qual pacifica
de cada um o mundo.

Câmbio perispermático das novas criogenias
ao som dos cantares de núpcias desiguais.
Os celerados em profusão 
uma invasão.
Nossa canção? Inserida nas cenas terríveis.
Apenas canta: é a tua opção,
como dizes.

Outrora vagávamos divinos...
Mas é novamente mundana a celebração!
As asas biônicas se partem
e partem, perdem-se
por sobre os assombrosos altares reedificados.
Fé branca em cena:
o Asco Supremo. De sobreviver. Aqui.
Nova direção, por favor.

Paralelismo do terror calador.

II

O espaço se amplia ao redor do sentido colorizador.

Arcano comício de seres hipertrofiados:
rodas rasgantes dos olhos jorrantes.

Das vítimas do dogma.
Da desolação da ciência incompleta.
Dos mundos vazios de sentido.
Cadente, vivente irmão...
Informe sofrimento.
Nomias, logias enormes
em nós.
Sem uma seta para libertação.
Muito além do que conseguimos suportar
sem murmúrio.

O espaço – derretem-se as dóceis representações.

Interno – novas noções de calor terreno.

A suprema carência das carícias matinais.

III

Somos os sentimentos vívidos, aperolados.
Somos calores de unidas mãos.
Somos mais irmãos que o parágrafo do decreto.
Seremos reais ao acordo, desperto acerto.

Em meses de sol e fulgor,
em tréguas da máquina dor,
ressurgimos extáticos.

O rito do momento: fragmentos cintilantes
de um paraíso possível.

Ível: glória risível?

IV

A tarja fusível do diadema da criatura suprema
tange o fluir do veneno dialético transubstanciado.

Por isso escoamos.
Voamos impassíveis pelos escombros.
Visitamos os templos mecânicos de outrora
como chuva sobre plantações.

Mas é ainda interno demais,
não faz emocionar o nervo. Palavras brancas.
Brandas viagens alucinatórias em páginas.
O que poderia arrancar do chão
esta geração?

Maniqueísmo da arte destroçando
a vitalidade desenhada pelos inocentes.
Surrealismo maiúsculo perdendo
a identidade decomposta na irrazão de seu ser.

E ainda viajamos sulfúricos;
navegamos em barcos oníricos recortados
no matiz redentor.

Mas a máquina novamente nos traga
e afundamos no olho oco do acaso.

Não raso – me desculpe...

V

Não é cada augúrio um mal ditado,
olhado desde cima com soberba
pré-adâmica sem ancestralidade?

Você tudo tem a ver com isso,
exceto que respira
o que lhe é exterior.

Eu vejo o escoamento de sua intuitividade
sendo rabiscada indiferentemente
às brasas e chispas constantes
das águas quer ardem e corroem
nosso mastaréu de lousa branca.

(Qual a cor da pele de Eva?)

VI

{Mitocôndrias como bolhas-limite
de nebulosas de antimatéria.}

Plêiades incendiadas evanescendo
pela octogésima tarde cíclica de solidão
no luto eterno da poesia solar.

Acasalamento de peixes-lua
à luz de Lúcifer ex-Júpiter.

(A esperança derradeira na aurora estrondosa.)
..................................................

Minha mão agora é lenta
enquanto meu olhar persiste no vasculhamento
para extrair, assim, beleza do improvável,
mesmo que isso me doa
no órgão da primeira proposta.
(Ainda sou livre pelo lado de dentro
do vulcão gelado.)

VII

O aborto das estrelas
chorando a mágoa expansiva
sobre o cosmonauta
há eras sem coração...

Uma liquefação suspensa
nas membranas-organelas vistosas
da imensa paisagem subpartícula.

É como flui a última lágrima,
calada sem perspectiva.

Calo com um negro afunilar...
Espiralo no silêncio enlutado
do verbo-sacrifício.








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