Eles estão entre nós.
Sim, posso
perceber isso todos os dias.
Nas ruas, nos
bares, nas lojas
– é só ver
como eles lhe atendem.
Você percebe o
estratagema no sorriso;
você percebe
que não é real,
não é como um
ser humano sorriria.
As entrelinhas
das frases
– preste
atenção!
São muitas as
pistas notáveis aqui,
onde viemos
pousar,
posar esta
noite.
Não tivemos
escolha.
Pagamos pelo
mais seguro recanto,
o que significa
o mesmo que
o menos
suspeito dentre os infernos.
E agora mil
olhos nos observam,
para que
sejamos como eles.
Para sempre
aprisionados
na teologia do
caos.
Observe o caos
destas estradas!
Sim, eles
têm parte nisso.
Eles
estão por trás de tudo que se move
desordenadamente.
Das primeiras
às últimas páginas
– lá estão
eles.
A obra deles.
Sim, começam
nos distraindo
com os
quadrinhos,
depois ditam o
fado do nosso dia
na seção do
horóscopo,
e daí seguem
excitando nossos instintos
de mil
maneiras:
esporte,
política, sexo, religião...
para finalmente
nos dilacerarem
na página
policial!
Como se nada
tivessem a ver com isso.
Com a dor
incurável em nossas almas
corroídas.
Tudo devido à
ridícula dívida
com os
Primeiros Liberais.
Os anjos da
permissão.
Os arautos da
perdição.
Não duvide que
eles também tiveram sua parte nisso,
legislando e
ditando futuros.
E agora já
estão dentro de nossos lares;
céus! distinga
o inumano
do mais
familiar afeto,
se puder!
Cada mente, uma
escrava
do medo
contemporâneo
– e contente!
Orgulhando-se
do medo,
estampando-o no
papel de parede,
preenchendo
fissuras na parede
com a massa
versátil do medo.
Mas não ousam
encarar a realidade,
reconhecer a
ação e a presença DELES
no âmago de
cada distúrbio
urbano.
Simplesmente
perecerão rendidos, atordoados
pelo montante
de sonhos não realizados.
Sonhos deste
mundo, por sinal,
completamente
alheios ao bizarro raciocínio
dos seres
infiltrados.
Infiltrados.
Sorrateiramente,
amigavelmente,
intimamente –
infiltrados!
Induzindo
nossas decisões,
os remendos das
decisões desastrosas,
os desastres em
si – compactuados.
Ah! Quem dera
pudéssemos
arrancar de
vocês cada segredo sangrento...
Autopsiá-los
vivos, lenta e trabalhosamente,
com nossos
olhos atentos,
espantados ante
tantas revelações
– confirmadas
suposições!
O que não
terão a esconder?
O que ainda
escondem, maliciosamente?
As táticas
mundo-abertas-tecedoras
em nossos cafés
da manhã nebulosos?
Mostrem seus
rostos, vamos!
O que têm a
temer e a esconder?
Pensam que a
raça humana é feita
só de medo e
ódio?
O que pensam
que somos,
nós?
E quem são
vocês, afinal?
E o que fizeram
de nosso lar,
nossa velha e
querida Terra?
Um pequeno
joguete em suas mãos viscosas,
pequenas,
delgadas, gananciosas?
Voltem, voltem
para o seu céu,
voltem e
deixem-nos em paz
em nosso belo
inferno,
em nossa Terra
que nunca havia
antes perdido sua serenidade,
até sua
chegada,
nossa maldição!
nossa maldição!
CONTINUAÇÃO:
Esse tipo de paranóia - é deprimente - mas tem uma certa piada; quando é apresentada na televisão, como ficção científica ...
ResponderExcluirIsso mesmo. Utilizo humor negro pra poder suportar as coisas.
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