Tensão.
À noite ouço
cigarras e à tarde gafanhotos;
sapos,
marimbondos, moscas que não querem aparecer.
Nenhum deles
deveria aparecer agora
para me tirar a
atenção.
Atenção,
atenção / presto atenção
à porta, ao
corredor, à parede sem fim;
eterna através
dos minutos
do relógio que
vejo no lugar dos insetos verdes,
dos gafanhotos,
répteis escamados, um louva-a-deus
que some ao ver
ou sentir a luz da manhã.
Preciso ver o
oculto por aquela porta sombria,
mergulhada no
âmago do lúgubre;
agonia
vulcânica, escuridão da minha mente
fixa na
maçaneta, prateada
como os
pássaros blindados, no anil
subitamente
avermelhado em tempestade,
antes de chegar
a noite
que está longe
daqui... e que continue por lá!
pois agora me
apeguei ao calor
que o corredor
terminado com a porta
sempre me traz,
rival do sol ausente.
Penso sentir os
insetos verdes aqui.
Vermes suspiram
na corda, ao me contemplar
a contemplar a
porta no fim do corredor (eternal).
E não consigo
me lembrar por onde vim,
como cheguei a
este universo ora relampejante,
ora silencioso
como as cigarras do futuro.
Só sei que vim
correndo pelos corredores
e as cordas só
existem na minha cabeça...
...voltada para
a porta.
Só eu posso
saber o que lá atrás se esconde,
entretanto não
pude ainda me descobrir:
a escultura de
cerâmica que quebrei me dirá o caminho
entre o céu e
o inferno terrestres.
Minha vida
inteira
é uma fração
do invisível.
Nada mais
importa,
não me importa
o que você disser;
por mais que
uma pessoa pense, reflita sobre mim,
não me verá
mas só a porta, onde os pesadelos,
todos os
pesadelos, acabam para dar início
aos sonhos de
portas abertas... abertas... abertas...
e lá dentro trevas.
e lá dentro trevas.
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