domingo, 30 de junho de 2019

Nunca mais as andorinhas...






Onde, as andorinhas do Sul?
Milhas, quilômetros, jardas
de paciência, privação e persistência
em direção ao único litoral
capaz de sediar o encontro
com a esperança alada
e a beleza indicada
por todas as intuições
de todos os esperançosos corações
e agora... nada?

As andorinhas.
Eu as via em visões internas,
impressões de bater de asas,
toques de ventos,
incomuns sentimentos.
Nada, porém, equivalente
ao mundo externo.
É no céu que a elas pertence
que deveria eu vê-las.
As verdadeiras.
Nesta praia, nesta latitude
e em nenhum outro ponto.

Perscruto as alturas,
os horizontes
e o que resta das nuvens
do entardecer.
Nítida, sim, era a esperança.
Uma versejada virtualidade.
Um mundo onírico
em que as coisas podiam ser tocadas
e saboreadas.
Projeções,
nada além de projeções.

Do cais,
do promontório,
das areias,
da beirada espumosa mesmo;
seja onde pudesse eu aguardá-las,
certamente lá estive
e me detive, sôfrego
e aturdido
pelo passar dos minutos.
Horas.
Eternidades?

Motores e buzinas
das motocicletas lá atrás.
Eles vieram me procurar,
como esperado –
meus amigos, que nem imaginam
o formato dos meus pensamentos
e o brilho
da minha lágrima silenciosa.

Minha breve despedida
ao lilás do céu
(baço e fugaz lilás).
Dou as costas
e sigo cabisbaixo
ao meu destino.

“Adeus, andorinhas do Sul!...
Lembrem-se de mim,
onde quer que estiverem.
Onde tanto desejo eu
agora e sempre estar...”








Nenhum comentário:

Postar um comentário