domingo, 30 de junho de 2019

Sonho 49 (a casa misteriosa)





Negro contorno alinhado à fileira de árvores em frente ao céu cor de vinho, a casa misteriosa ergue-se isolada ao som de uma música eletrônica experimental ligeiramente sombria. (Precisamente, um medley de duas do Orbital: Otoño e Shadows.) Os que passam pela rua à frente dela, ou pela cidade, parecem não reparar nas mesmas coisas que eu. Apenas eu possuo esta estranha carta na mão, e apenas eu tenho que adivinhar onde entregá-la ou colocá-la. Às vezes me vejo seguindo a pé e às vezes de bicicleta me locomovo nesta busca por algo a se buscar. Mas não sei andar de bicicleta, devo confessar. Aliás, há poucas coisas que sei fazer bem. (Sempre digo: me garanto apenas na salada de maionese e nas poesias. Mas isso quando estou acordado. Quando estou dormindo, não sei dizer exatamente quem está fazendo as refeições e o esparramamento de palavras.)

O homem vestido de preto distribui papéis, podem ser cartazes ou jornais. Apenas as crianças e gente de baixa estatura os apanham. Eu não quero me envolver; mas só olhar, caso me seja permitida a distância. E a carta insiste em jamais sair da minha mão, me impelindo a procurar o destinatário entre os múltiplos cenários que se intercambiam e algumas vezes voltam ao ponto inicial.

A neblina é avermelhada novamente. Os ruídos muitos se confundem e isso não é nada agradável. A casa misteriosa pode estar em qualquer parte e há sempre algo de impenetrável nela. (E em mim também.)







Nenhum comentário:

Postar um comentário