Espécie de peregrino que carrega dentro de si um
sólido lar com gosto de uva verde e melancia redonda, trilhas sonoras antigas
da Disney, visão de enciclopédias feitas de ilustrações primorosamente
pintadas; espécie de espaçonave viva e senciente jornadeando por entre
brilhantes edifícios-cidade em alternância com a experimentação dos pomares
colonos, galpões-celeiros, os queijos caseiros e cantos de galos, a tristeza
inconsolável dos porcos, angústias de todo animal confinado... Horrores de
maquiagem cênica que representam aquilo que indubitavelmente existe fora de
cenas; fora de cercas e muros protetivos tão pequenos debaixo do domo azul e
negro e cinzento e colorido de tristeza incontornável; espécie de perene
menino. Alma das manhãs. Ninguém enxerga o que ele vê. Ele, só. Involuntariamente
único; não se rejubila da dádiva-maldição. Carregando sobre si toda beleza e
toda feiura captadas pela singular visão de raio-X nunca solicitada aos mitos
do Monte Olimpo. Sou.
Art by: Magdalena Korzeniewska
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