domingo, 11 de maio de 2014

Filhos da noite






A hora está chegando e a cidade se apressa
a acender seus luzeiros frios,
batizando os fugitivos da realidade,
da fatalidade que nos separou em nações
circunscritas a cada cômodo de nossos lares.

Finjo sorver a seiva ardilosa e sou aceito
no lugar em que você se perde;
luz e sombra se confundem em nosso olhar,
ao longo das ruas labirínticas de neon,
na juventude já cansada de sonhar em vão.

Filhos da noite em obscuro ritual.
Filhos da noite em seu lapso existencial.

Ainda no seu encalço, vago pelo inferno
que você escolheu para viver e morrer.
Persisto até ter a certeza
de que aquela luz ainda brilha.
Entre a incompreensão e a indiferença dos vultos
– incompreendidos –
tenho tanto a dizer,
suprema vontade de explodir!...
mas ainda me contenho.
Ainda me contenho.
Ainda.

Afinal, há um lugar melhor.
Mais além há um lugar melhor.
Sei que há algum lugar melhor.
Deve haver algum lugar melhor.
Haverá...

Filhos da noite em obscuro ritual.
Filhos da noite em seu lapso existencial.

Filhos da noite...
o mundo os esqueceu.








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