A hora está chegando e a cidade se apressa
a acender seus luzeiros frios,
batizando os fugitivos da realidade,
da fatalidade que nos separou em
nações
circunscritas a cada cômodo de nossos
lares.
Finjo sorver a seiva ardilosa e sou
aceito
no lugar em que você se perde;
luz e sombra se confundem em nosso
olhar,
ao longo das ruas labirínticas de
neon,
na juventude já cansada de sonhar em
vão.
Filhos da noite em obscuro ritual.
Filhos da noite em seu lapso
existencial.
Ainda no seu encalço, vago pelo
inferno
que você escolheu para viver e morrer.
Persisto até ter a certeza
de que aquela luz ainda brilha.
Entre a incompreensão e a indiferença
dos vultos
– incompreendidos –
tenho tanto a dizer,
suprema vontade de explodir!...
mas ainda me contenho.
Ainda me contenho.
Ainda.
Afinal, há um lugar melhor.
Mais além há um lugar melhor.
Sei que há algum lugar melhor.
Deve haver algum lugar melhor.
Haverá...
Filhos da noite em obscuro ritual.
Filhos da noite em seu lapso
existencial.
Filhos da noite...
o mundo os esqueceu.
o mundo os esqueceu.
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