1603. 1816.
(Mil lembranças.)
É chegada a hora de
partir,
aprontar as malas do
destino.
Ela sorria ao pé do altar;
ao pé do altar selou sua
sina.
Os sinos das manhãs de
catequese,
bordados, rendas e
tapeçarias,
são as lembranças por
arquivar,
por arquivar até o fim.
Um mundo novo ao qual
pertencer,
o florescer da paz.
Ela não disse que estava
doendo,
concentrou-se em seu ideal
de amor.
Uma lágrima cai e corre,
mas ela ainda insiste em
crer no seu ideal,
seu ideal de amor.
As vidraças sem nenhum
borrão.
Um borrão de óleo no
avental.
O que ficou imortalizado
nos lençóis,
da alma não se lavará.
As horas passam na tarde
sem fim.
O silêncio a sós ou a
dois.
O silêncio na roda dos
cavalheiros,
primeiros pingos de
decepção.
Do sagradamente instituído
ninho,
dissimulação é o caminho.
Ela não disse que estava
doendo,
concentrou-se em seu ideal
de amor.
Uma lágrima cai e corre,
mas ela ainda insiste em
crer no seu ideal,
seu ideal de amor.
Ela admira o vestido
preto,
mas logo fecha o armário.
Não é homem o bastante
para ser mulher de fato.
(I Coríntios 11)
Agora nada resta a se
fazer.
O aprendizado de uma
juventude
nunca lhe ensinara o
fundamental,
o fundamental da vida a
seis.
Nunca soube por quê os pôs
no mundo.
O mundo quer escravos
fiéis.
Uma lágrima cai e corre,
mas ela ainda insiste em
crer no seu ideal,
seu ideal de amor.
seu ideal de amor.
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