domingo, 13 de junho de 2021

Poema comestível IX





Saturação.
 
Saturado de verde,
a floresta anseia e busca pelo deserto.
 
Saturado de azul,
o céu sonha e delira pelo rarefeito.
 
Saturado até a alma de tanto amarelo,
uma estrela supernoveia-se sem autopiedade
para envolver-se em estrondosa morte
multicor.
 
O branco dos meus olhos
avermelha-se pelo pranto inconsolável
diante da compartilhada culpa
por esta fome e esta sede
de completude
simultaneamente animalesca e angelical.
 
(Pudera.
Os múltiplos rostos ou focinhos animalescos
dos anjos interventores
não pronunciam algo a nós inteligível.)








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