segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

"Jantar à luz de velas"





Sua boca está suja do lado...
Não, não precisa limpar.
Saboreie a liberdade.
Use os talheres para cadenciar
a sequência da piada inconsequente.
Brincar com a comida
é o entretenimento mais ético e civilizado
que me foi ensinado
por esta vida cachorra.

Você sabia?: uma dose certa de tempero
pode resgatar a cena atemporal.
Pode você agora saber,
com insofismável certeza,
o que realmente está mandando para dentro
de seu corpo?

Espere só um pouquinho:
Vou ali pegar um machado
para acabar com esta mesa.

Pronto. Assim está melhor.
Se você tiver vontade de arrotar,
posso lhe ensinar algumas técnicas
espantosas.

E estas pequenas coisas fálicas com foguinhos na ponta...
Não seriam para inibir o pensamento crítico?
Apenas não iniba sua fome sincera
e minha geladeira lhe será pródiga.

Vamos direto pro sofá.
Eu sei que não tem mesinha de centro,
mas pode por o copo no chão.

Não planejamos uma instituição.
Vivemos aquela inata em nosso coração.
Não nos envergonhamos de externar o pensamento,
uma vez que não nos envergonhamos de pensar.
Por favor, deixe-me ser transparente
assim como uma taça de champanhe,
cheio de celebratória embriaguez
e coberto por marcas de boca beijante.

Vou desmanchar seu penteado
com meus dedos libertinos,
devolvendo você
à sua condição divina
no altar de uma ceia santa
e pura de entusiasmos renovadores
– uma profusão de amores
à americana.

Aceita um pirulito?








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