sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Send in the Legends





(...)

O Belo Vácuo e o Vácuo Disforme
ainda lutariam por eras e eões.
A Luta Cadenciada e a Truculência Cega
persistiriam em queda livre
sobre as crianças de olhos vendados.

Mas um dia fez-se a luz
que feita já fora antes dos dias.
E os adolescentes guardariam estas lembranças
durante as noites desafiadoras...
(em lâmpadas giratórias
que por vezes caíam sobre eles,
fazendo doer.)

Não havia ainda nisso tudo, porém, uma relação direta
com Espaço, Tempo, Movimento,
Multiplicidade, Causalidade,
Sujeito, Objeto
e quaisquer outros mitos convincentes do Ser
e do Não Ser.
E ninguém entendia nada – o que era fácil de entender.
Ninguém falava nada do que realmente sentia,
uma vez que sentimentos
nunca se transformam em palavras.
(Que doçura, os poetas...)

E os próprios pensamentos foram decaindo
– se petrificando –
a partir do instante em que passaram a se moldar
pelas palavras.

E a juventude passou.
(E ninguém lembrou, pensou, sentiu ou falou.)

Então, após mais alguns incomensuravelmente longos
ciclos cósmicos (“kalpas”),
as galáxias avermelhadas convergiram todas
para as retinas úmidas
do Velho Sábio, distraído
em seu bercinho rosa e azul.

E a perspectiva de uma Nova Luta Cósmica
reacenderia os ânimos da nova geração
dos poetas-cientistas.

Iniciar-se-ia o famoso debate sobre “as causas dos fracassos
dos universos pensáveis”.

Correriam soltas as lendas, épicas,
de antigas oposições de sentido
que nunca fizeram sentido.

E eu me divertiria à beça apertando os botões de luzinhas
da máquina do tempo virtual
que criei para passar o tempo.








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