São
os passos nos corredores estreitos
São
os vãos e parapeitos
Os
muros que se racham quando olhados
E
o desespero borbulhando por debaixo
Das
têmporas dos animais domesticados
São
os alarmes das madrugadas geladas
São
as estátuas nuas rabiscadas
Sons
de estouros abafados, angustiantes
Dos
socos nos estômagos
Das
vítimas da patrulha das noites
Corra
para os braços do vazio
Príncipe
da solidão enluarada
Seja
seu luto uma vitória
Contra
sua própria sorte
Sejam
estes gozos relâmpagos
Que
atravessam o corpo traidor
Seja
esta dor dos olhos injetados
Um
poema acre-amor
De
fingir gozar
De
tanto chorar
Por
ter de fugir mais uma vez
Para
sempre mais uma vez
Da
imagem no espelho de carne
Que
se funde às suas doces miragens
Nebulosas
dimensões-voragem
Engolindo seus remorsos
Degolando seus pecados
Atirados
contra os pisos, assoalhos
Ressoando
os passos
Nos
corredores estreitos
Um
vão até o parapeito
Um
grito-sirene ao muro que verga
Ao
desespero brotando
Por
entre suas vértebras animais...
Do
claustro um chamado
Um
choro abafado
Um
soco e um chute e uma vítima
Do
cinzento passado
Cinzento
passado
Um
cinzento passado
Seu
cinzento passado
Passado
cinza
Nossas cinzas...
Nossas cinzas...
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