domingo, 8 de abril de 2018

Ziguezague do Espírito Incolor





Psicotelecinese relampejante.
Propulsão misteriosa do veículo discoide.
Flamejam as copas das árvores
no horizonte volúvel.
Olhando para trás bruscamente,
vejo as estátuas flutuando em minha direção
– uma situação da qual não se pode acordar.

Os cânticos e os aleluias
vão se somando para nosso enervamento.
Todas as vozes eletronicamente distorcidas,
um coletivo adeus à carne.
Dispersão intencional vagamente humana.
Burburinho que traz a certeza
de que perdi você para sempre.
Ainda que
para sempre ao seu lado.

Certeza infeliz
de que persistirei,
e de tudo sempre lembrarei.
Sem descanso em vista
para o Espírito.

A pedra que rola da ribanceira,
em chamas rola sobre os umbrais
do vilarejo azul:
dentre todas as probabilidades matemáticas
do universo possível,
é justamente ali que me encontro.
Como se fosse absolutamente inevitável.

Meu corpo de luz chora copiosamente
pelo fado de sua imperceptibilidade,
quando esta menos se fazia necessária.
Tudo porque
tudo que eu mais queria
era ser necessário agora!

Mas todo mero contemplador de burburinhos
é inútil. 








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