quarta-feira, 30 de agosto de 2017

À flor da pele





Pare, pare de tentar descrever o invisível. Tente, isto sim, torná-lo tangível. Táctil, assim desatrelado de representações fúteis, ingênuas e pobres de poderio encantatório… Pereça sobre alamedas marmóreas. Feneça como esperança viva e concreta nos espaços entre as palavras – desvie e desfoque a atenção do absorvedor.

Para o contraste! O ferro e o fogo, tão dependentes um do outro, e contudo digladiando-se até a morte docemente ao som de amargas óperas incompletas. Apenas sinta, sirva ao benefício adicional para seres mortais como se o fizesse ao próprio senhor de seu feudo. Seu corpo é que pede pela redenção – bem posso ouvir os lamentos (musicais). Sempre ouvi, desde minha infância tormentosa e umbrosa; ouvi em silêncio respeitoso e chorei bem gostoso.

Pare, é inútil. Você apenas cansaria; sua estrutura não se recomporia. Deixe ao encargo dos pássaros, das plantas e dos elementais. Salte para a vivência e o desfrutar de cada sonho materializável. Sim, torne tangíveis os sonhos, mas não se preocupe com a “comunicação”. Deixe fluir automaticamente, naturalmente, e ainda assim as palavras servem apenas para ressaltar os espaços, os interstícios fundamentais.

Mergulhe de cabeça nestes abismos, fundo pereça… Será o seu mel, seu túmulo celeste, doce… no profundo do céu.








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