Agora que nosso teleférico despenca, bem no meio-caminho entre estes dois célebres montes, podemos aproveitar para apreciar o lado mais saboroso da tão-comentada vertigem. Revi a cena inúmeras vezes, tanto que aprendi a manipular o tempo do estrondo e o da apreensão. Todos sabem que a vida é um jogo, então sempre é uma opção inteligente inventar regras novas, ou perverter todas. Somos os donos da situação, para que duvidar? Segure minha mão.
Só poucos segundos. Gosto de apreciar suas últimas pulsações; passar os dedos sobre suas veias e artérias coloridas. Tente imaginar meu sorriso como o último que verá; aliás, como a qualquer visão que pode ser sua última... Seremos eternamente crianças, castrados sem remorso nas nuvens cor-de-rosa. É tudo psicológico, bem sei. Psicodélico, psicossomático, tanto faz; é isso aí mesmo. Nada além de motivos para se rir – eis a lição.
(Despedaçam-se a psicologia e a psique.)
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