quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Veículo





      Desperta um desejo
interno, concreto, a cores
– borracha quente.
      Firmeza animal,
exuberância a ser tocada
– borracha transpira.

      Apertar, distender,
      desvendar você.
      Sentir o que sente
      quem faz acender
a chama do óbvio que me alimenta,
a chama que pode ferir e curar.

      Desperta um desejo
de ver e cheirar e enfiar,
soltar e prender;
      liso e rijo,
finito e imenso de dor e deleite
– a tua estrutura.

      Apertar, distender,
      desvendar você.
      Sentir o que sente
      quem faz acender
a chama do óbvio que me alimenta,
a chama que pode amar e odiar.

O sol, a água e a saúde,
a sagrada estupidez.
Força e coragem – pelo prazer;
      tanta sutileza e tanto poder,
      tanta humildade e tanto brio;
      moldados sobre o magma
das paixões ardentes
      por trás da flor a se abrir.

      Apertar, distender,
      desvendar você.
      Sentir o que sente
      quem faz acender e acontecer.

      Apertar, distender,
      desvendar você.
      Sentir o que sente
      quem faz acender
a chama do óbvio que me alimenta,
a chama que pode amar e odiar
      inofensivamente...

      A fome do corpo ergueu
      o amor que jamais se perdeu.
Veículo firme de luta e paz;
      este desejo tão meu
      e aquele deleite tão seu...








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