Além do meu corpo,
além da minha casa,
além da minha rua,
por sobre os telhados e
quintais
e carros e pedestres,
além das fronteiras e
rodovias,
por sobre as montanhas do
horizonte
e entre os pássaros do
céu,
na direção do sol
e à sombra das nuvens,
acima das cidades e das
fazendas,
por sobre lagoas e lagunas
e numa panorâmica sobre o
verde,
ainda além do vento
e dos pensamentos mais
voláteis,
mais alto que as mais
altas nuvens
e se misturando ao ozônio,
contrário à rotação do
planeta,
rompendo o campo
gravitacional
e dando adeus aos azuis,
dançando sobre a radiação
cósmica
e sobrevoando o lado
iluminado da lua
(riscando o disco tão bem
definido),
continuando então para
longe da estrela amiga
até cruzar os espaços
inumanos
e mergulhar nos anos-luz e
quiloparsecs,
sob os espectros
multicores
de cada ponto de luz em
sua calma rota,
rompendo o limite do tempo
e dos terrestres
conceitos,
embebedando-se em cálculos
infinitos
de amor supracorpóreo,
além das massas e
potências
e conglomerados de matéria
e energia,
superando toda metafísica
e possibilidades do
pensamento
a ponto de se estar sendo
tudo o que se puder ser
ou o que não se puder,
posso agora finalmente
adquirir,
ao fim deste formidável
salto,
justamente aqui na matriz
da matriz
dos universos imagináveis,
dos universos imagináveis,
o justo discernimento
necessário para direcionar
ao caos
o alcance atemporal
da suprema Panaceia
Cósmica,
para que possa esta conceder
ao temporário o dom
de refletir do absoluto
o gozo e a paz legítimos
que o rascunho de cultura
em nós enraizado
nunca pôde prover
aos infelizes que em
prantos faliram,
em abandono a vagar
por entre terras inóspitas
de amores contidos.
de amores contidos.
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