Pegadas úmidas na areia lisa
não
têm vida, ainda assim morem;
conchas
tímidas me escapam por entre os dedos dos pés,
um
pensamento escapa pela boca e voa.
Um
avião não bate as asas,
mas
logo desaparece acima do horizonte.
Num
pé-de-vento estrangeiro,
pétalas
de dente-de-leão se deixam levar.
Assim
deixo-me fluir.
Nada
explica
o
que germina na inconsciência,
o
que está em mim
sem
ter sido ali por mim colocado,
o
que me observa
onde
quer que eu olhe.
Pare
de me olhar!
Por
acaso tem você domínio sobre o desconhecido?
Por
acaso pode você juntar
o
todo que se fragmentou?
São
fragmentos de rocha
que
rolam indiferentes,
deslizando
sob os pés da Musa
em
seu penhasco à beira-mar.
Um
segundo, um soluço trancado
e
jaz entre a espuma
um
receptáculo de dor e prazer.
Justamente
quan
Era
uma vez um pai.
Era
uma vez uma mãe.
Duas
irmãs dormindo e sonhando...
Cascatas
de ouro e outras imagens familiares
de sua intimidade adormecida,
sucessivas
no cinema da transcendentalidade.
Tijolos
tão firmes, vermelhos, precisos,
agora
desabam num país vizinho.
É
palpável, rigorosa a associação,
mesmo
na difusa visibilidade
das
superfícies.
Em
algum lugar eu durmo.
E
a esperança não pensa,
não
sonha,
não
crê.
Ela
é apenas: pura concretização.
Nuvens
de quilômetros de extensão
não
pairam mais altas
que
sua linda inocência caricata.
Mas
não há caricatura,
não
há poesia,
não
há livro,
não
há leitor
e
nada a ser apreciado,
além
destas vislumbradas possibilidades.
(Aliás,
todas.)
Voa
com a tarde a sensação de movimento.
Um
jovem pescador sentado nas pedras do cais.
Seu
braço musculoso e úmido
é
real como seu sorriso.
Real
é um corpo que anda,
real
é um corpo que nada,
real
é um corpo que sente,
real
como tudo que amo.
Conforto
indizível, fluir azul-corante.
Suavidade
plástica ondulante.
Crianças
brincam dentro da piscina.
Um
asteroide se divide em três partes.
Em algum lugar eu choro.
Em algum lugar eu choro.
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