A natureza prega peças
e caímos.
A natureza prega peças
e caímos.
Cenários urbanos e rurais,
paisagens serranas e litorâneas
não encobrem a paixão
e caímos.
Vícios criativos, fugas
sem vestígios, novos apelidos
não desfazem a ligação
e caímos
num redemoinho
de controles-remoto e telefones
celulares
para evitar que nos olhemos nos olhos
depois da derrota
de nossa frota inexperiente
em matéria de paz.
Qual a trilha para o filme
de nossas vidas?
Qual a cena que não gostaríamos
de lembrar?
Os fantasmas da paixão
nos sufocam
com suas túnicas góticas
e gememos,
espremidos no tubo de ensaio
de um cientista insano.
Somos parte de um projeto macabro:
acabou-se a era dos super-heróis,
não temos guarda-costas
nem dublês
para as cenas de nudez.
Quem poderá administrar,
governar o mundo do sentimento?
(Políticos pioram a coisas,
com sua típica fantasia de controle.)
Ninguém detém a teoria
desta base volúvel da existência.
Apenas sentimos.
Não posso deixar de sentir
e as lágrimas me ofuscam
a visão.
A visão do paraíso numa canção
acalenta
as vítimas da paixão.
A visão de um paraíso numa canção
alimenta
as vítimas da paixão.
(Apêndice:)
Novos
termos clínicos
para
o velho e conhecido
desespero,
novos
símbolos de poder
e
subjugação sexual
não
nos conduzem um ao outro
quando
a solidão e o desejo
fazem-nos
subir pelas paredes
e
implorar por um elixir
que
nos faça suportar
a dura lógica.
a dura lógica.
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