quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Cinderelo





A madrugada inteira em meu quarto,
fingindo dormir, chorando em silêncio
e o som de uma distante liberdade mal aproveitada
e caricatural
onde você corrói sua vitalidade...
Eu tento dormir,
mas o som da música me põe a perguntar:
por que estou aqui se não há em mim culpa
pelos seus pecados?
Que bocas você estaria beijando?
Quais corpos estaria abraçando?
E que gênero de morte estaria esperando por você?
A madrugada inteira a me perguntar
de que matéria sou feito
e com que propósito fui deixado aqui,
enquanto você sorri e balança os braços
para a multidão suada que lhe estende os braços
de amor e ódio tão triviais...

Massas humanas,
mesmo encobrindo seu ufanismo,
envolvem-lhe num pacto eterno
de cumplicidade provinciana.
Algo em mim...
Algo em mim quer dormir...
Algum mecanismo de defesa intenta me poupar,
mas quero acreditar que o amor existe
em algum lugar além do sonho,
em algum lugar além da esperança,
– algum lugar além das quatro paredes.

Você balança como uma folha ao vento.
Posso até ver... quase tocar... ao menos imaginar
(A VIDA INTEIRA EM MEU QUARTO).




Nenhum comentário:

Postar um comentário