sábado, 26 de agosto de 2017

Antes do fim





Vagarosamente
um sorriso vai desaparecendo
e cedendo espaço
para o dia cinzento.
Música das tragédias silenciosas.

Inevitavelmente
as rosas murcham
e ainda guardamos as pétalas secas
entre as páginas de um livro.
Belas memórias
reduzidas a mofo,
a fotografias bem pouco nítidas
e a urnas mortuárias biodegradáveis.

Os objetos não guardam seu atribuído valor,
mas a mente anseia pelas formas
e o corpo as busca nos lugares errados.
Nossos urgentes e necessários enganos.
Não nos culpe:
somos ratos num labirinto sem saída;
temos o direito de brincar um pouco,
antes do fim.


(Apêndice:)

O tempo escoa:
não quero me preocupar com isso.
A chuva é tão bela quanto o sol,
não vou me preocupar.
De fato,
estou mais perto de você
quando não lhe vejo.
Às vezes você é tão normal,
tão normal,
assim absurda e doentiamente
normal.

Prefiro você em meus sonhos.
Conservado em brisa estática.
A salvo de si mesmo.
Suas pétalas brilhando.







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