quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Tempos...





Minha vista se despede da fogueira acobertada,
sem suspiros pelas cinzas que sobem pelo ar.
Horizontes maculados de nebulosas explosões
encobrem esperanças mal traçadas.
Olhando apenas para frente,
esboço o Novo Mundo emerso,
cintilando entre os ecos dos discursos terríficos
dos governos já passados
dos meus mundos aviltados.

Bandeiras chamuscadas
se nos fazem de leito e cobertor.
Protegem-nos de formigas e escorpiões
e deixam-nos os cérebros livres
para funcionar e descansar
a favor da evolução intuitiva.
(Transitiva revolução.)

Agora herdeiro da solidão dos gigantes,
passageiro e tripulante desta balsa pioneira,
encaro a afeição e a cumplicidade tão caras
a me amparar e por mim também amparadas,
ainda no patético esforço de esquecer (ou compreender)
a face meramente compassiva dos prosélitos...

Mundos e crenças explodem ao meu redor...
Cirandas de causas e concausas,
cáusticos acasos, ligeiros prazeres sustentadores
dos herdeiros dos questionadores
derrubados e reerguidos indiscriminadamente
por forças que ignoram de todo
o que eles significam...

Significarei,
onde quer que eu sangre!

Onde quer...

Que imenso fastio de repetir a lição primeira
às pedras ambulantes,
às circundantes procissões de espectros,
aos daltônicos do Espírito
de todos os Tempos!

Minha despedida então aqui ao mundo que decai,
além da fissura sísmica de seu conceito perdido,
além da vã compartimentalização
de todas as nossas mais caras aspirações holísticas
 oníricas – onívoras –, multifárias expressões
do Ser cosmificado eternamente livre!

Ode tonitruante – danças, frêmitos de heroísmo
pelo pouco que pudemos sentir
do êxtase auto-prometido!...
Nosso produto, nosso engenho
convalescido, sentinela bravia de um digno hedonismo,
gosto metódico pelo requinte dos sentidos – ânsia!
Nossa aliança, nossa pujança – uma criança
absorvendo os astros.

E, ainda assim...

A lágrima intraduzível do comandante (errante)
por saber, tanto agora como sempre,
que jamais terá, por parte de prosélito algum,
por maiores que sejam as fidelidades a as compassividades,
ao longo dos campos e paliçadas
e caminhos estreitos ou largos,
verdejantes ou desérticos,
campanhas, manobras, retiradas
entre chuvas e revoadas mecanizadas,
atormentadas ou apaziguadas...
um lampejo que seja de real compreensão
pelo doce fardo
de sua experiência silente.


(01/01/06)








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