segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Dínamo de rompimento socioemancipante





Para o alto e avante:
é cada vez mais difícil amar
e encontrar voz para se expressar
num mundo de ventríloquos cibernéticos
esquizofrênicos do Reino de Deus.

O mundo dos olhos seus.

Corcoveio em convulsões histéricas:
a metamorfose me corrói.
Halterofilismo da alma arrebenta minha letargia;
as paredes sangram de paixão
e meus objetos de paixão
numa revoada telecinética me mordem
e curram meu celibato misantrópico periódico.

Nossas vidas em caricatura assimilável
na capa da última edição do tabloide
me enchem de remorso,
mas logo meu sarcasmo estratégico intervém
para corroer a permanência 
de nossa ignorância hereditária.
Quem sabe manejar?
Quem sabe consertar?
Nossa intimidade estabanada.
Não sei comer biscoitos junto a lareiras frias,
presumo que nasci pra ser feliz.
(Ainda resta um amanhã, derrotista imbecil!)

Rasgue minha inapetência,
picote todo patético medo de errar
agora que somos um único organismo
na carcaça de uma sociedade dita pós-moderna
e ainda tão dependente do tempo...

A tristeza de nossos corpos pálidos,
a monotonia da nossa conversa ensaiada,
o ridículo de sua bota aveludada
são o próprio extermínio dos sentimentos.
(Em qual recôncavo do encéfalo
escondeu-se o amor?)

Então milhares de espelhos se quebram,
os scanners explodem minha cabeça
e meus restos absurdos voam
rumo ao sol poente,
espatifam-se em sua vidraça
e lambuzam seu ciúme doentio.

Qual doença você prefere?
Aquela tão excitante não mais nos fascina
– pense num novo instrumento catalisador –;
um peixe sinuoso de barbatanas venenosas
bate em sua consciência,
mas você não quer ser penetrado(a)
antes de alcançar
a plena maturidade esfincteriana.
(O treino dos orifícios
da comunicação e do entendimento
lhe seriam mais proveitosos.)

Quais os resquícios de nossos encontros?
Onde anda o seu discernimento “neocristão”?
Oculto atrás de seu raciocínio branco,
europeu, civilizado?
Tecnocrata narcisista de risada insana,
quem construiu esse tipo de orgulho
tão socialmente aprovável?

Mas eu rio!
Só eu posso rir!
Eu rio até não poder mais (chorar)!
Eu não sou deste (seu) mundo
e dele nunca farei parte.
Criei meu universo
com o espasmo de meus versos.
Pululo qual serpente ensandecida,
gargalho, espalho as planilhas
indexadoras da moral,
finjo-me normal
e tomo a Bastilha no final.
Agora tenho um corpo,
tenho todos os corpos,
tenho toda a carne em minhas mãos!

Pois não me escapa à lembrança
o instante do mais antigo parto,
o mais doloroso parto,
o mais remoto quarto de nossos terrores
esquálidos, frios e cambaleantes
de respeito filial.

Mililitros, miligramas, mil e uma noites
de fúteis fazimentos de amor
não tiraram minha revolta!
Cadê o meu brinquedo?
Dê-me a água santa de minha criação,
alise o lombo da criatura sorridente
que não necessita de qualquer piedade
ou empatia retribuitórias.
Rompa esse cordão umbilical,
residual, radical, fantasmal
e me encare bem dentro dos olhos.
Eu disse bem dentro!
Não na esclerótica, nem na retina,
mas na penicilina
de meu ímpeto animal,
a exaltar-se em meio à frivolidade
recém gerada por sua boca
contraída de alergias bairristas.

Dona Redonda prestes a explodir!!!
Você não pode perder essa.

Não há facção que ouse encarar o absurdo;
continuemos então na empreitada!
Mijando no carpete da burguesia,
pervertendo o bundamolismo do proletariado;
talvez se juntássemos nossas forças
quem sabe seria então possível
tornar este espetáculo menos tedioso.

Quão imaturo posso ser?
Quem se importa?
Disseque-me em sua mesa de jantar
e examine as entranhas selvagens
da espécie exótica que um dia lhe julgará.
Bom dia, Polidez Encarnada!
O que diria a sua coragem,
se um dia o seu ridículo e o seu inconveniente
viessem a se tornar públicos?

Nada posso temer
agora que me descolo de minhas peles.

E aquela voz dizendo:
“Filia-te ao Partido
e serás meu genro...”

Pinga
Pinga
Pinga
Pinga eternamente em sua testa
o seu próprio pecado minimalista.
Somente a precisa cinematografização
de um novo anoitecer,
bombardeado e vermelho,
limparia sua vista para você finalmente contemplar
aquele campo de concentração
localizado a apenas um muro
daquele luminoso paraíso fiscal
conservado por tantas frias manobras,
que só agora rebaixam ao invés de elevar.

Algo então vagamente semelhante a um
repouso compensatório
se derramará sem face óbvia de esperança,
e todos seremos por um instante projetados
no vácuo teórico da frustração,
até o dia clarear lógico e palpável.

Enquanto isso eu... bem...
sei o que fazer com meus novos ingredientes
de autocozimento.
O que não posso então construir
e patentear,
tendo nosso passado como guia?
Sei exatamente por onde não devo andar,
e algo me diz que esse beijo que acabo de receber,
previsível e formal como o aperto de mão do seu pai,
tem um gosto tão familiar que até penso em...

FUGIR DESSE INFERNO
E ME TRANSFORMAR EM MIM MESMO,
DE UMA VEZ POR TODAS!

Há há há há há há há há!!!...








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