A ciência ainda estava viva
quando entramos na câmara.
Como partes que se reintegram num
todo,
como desníveis preenchidos por uma
erosão,
sabíamos que, alhures, o projeto seria
terminado
e todos os caminhos aplainados.
Lembro-me de nossos olhares altivos
quando entramos na câmara.
A súbita falência das partes
no aviso da sensação-corrosão.
Em silêncio necessário,
reconhecemo-nos envoltos
pelo lado escuro de nossa própria
criação;
num espelho distorcido ela nos escapava,
fazia-se viva e independente na esfera
de nossa superficial apreensão,
até que não mais nos reconhecêssemos
na imagem
e ainda assim podíamos agradecer
pela honra da canalização criativa.
Nossas últimas (clássicas) palavras na
câmara:
onomatopeias natais, ofegares animais.
Cobaias de outras cobaias,
jazíamos na perda do controle autoral.
Espionados, traídos, marcados,
os livros queimados, os diplomas
rasgados,
mergulhados em incognoscível
engenharia
íamos seguindo na senda do destino
caótico
de uma sagrada contingência dialética
que nada profetiza...
Nenhum comentário:
Postar um comentário