domingo, 11 de março de 2018

As ruas





Olho mais uma vez para o rosto dela...
Amargurado e autojustificado,
não posso evitar contrariá-la – ainda assim
perdoo a mim mesmo,
para manter intacta a Nova Personalidade.

A Nova Personalidade precisou sair da parede,
precisou cantar com sua própria voz,
considerar-se o centro do universo por um minuto (eterno)
e emprestar seu corpo
para outras inumeráveis personalidades.

Hoje à noite.

O estrondo não me deixou completar a frase;
ninguém ouve o que não diria a si mesmo.
É a sua clássica prudência que nos estraçalha
e faz escorrer pelos acostamentos o jovem suco
colorido, temperado de futuros,
que nutre e sustenta
a estrutura e o reboco
dos templos da Última Civilização.

Não há mais juventude.
Há hoje um ciclo de contrariedades.
Hoje à noite fugimos velozes;
hoje a noite
não tem idade.








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