Estranhas ações e reações eólicas. Solitários
pedimos maiores informações aos solitários ainda mais desinformados. O céu
pesa; sentimos o sarcasmo da carícia. Rigidez, mesmo entre tantas volições.
Cantando para abafar a derrota pronunciada pelos
elementos... desaparecidos – nós! – após a tormenta definitiva, aquela que
derramou sua benção de vento, água e pedras de gelo gigantescas sobre o até
então feérico cenário. A desolação atual – você a conhece bem. Fugia dela e a
encontrava de cócoras no refúgio. Nas ruas de terra. Nas rodas-gigantes.
Engrenagens de carrossel – lembra daquele tempo? Pois é, está morto.
Mas ainda continuamos. Até quando? Até quando a
derrota estampada nos rostos, matando por prazer, furtando por vocação? Lutas
mal calculadas, vigorosamente precipitadas sobre nós e eles. Mas agora eles
gostam; já se acostumaram a morder e a arrancar pedaços: o saboroso espetáculo
da dor.
De novo? Não não não... Não há quem suporte percorrer
este trajeto desolado vezes e vezes seguidas. Nossas vidas perdidas.
Caldeirões, caldeiradas substanciosas bem puderam nos revigorar nos velhos
tempos das velhas campanhas bairristas e nacionalistas. Mas agora
bairros e nações já estão explodidos; nem cinzas deixaram, e, de qualquer
forma, é o cúmulo da autoaflição guardar as cinzas do ente amado.
Pois bem: amamos demais sem nos dar conta da
projeção mental estereotipante plasmante da realidade. E é por isso que agora
estamos aqui, vagando sob o sol escaldante, sempre em busca de água, sempre
chorando nossas últimas gotas de angústia ignorada. Pura derrota, clara e
visível, inegável. Queremos voltar a cabeça, argumentar com o sol. Mas ele não
pode falar, evidentemente. Realidade rígida. Carcomida, sim, mas rígida de
opressivas manias assassinas. Tudo isso, tudo aquilo se derramando sobre nós –
ainda, ainda, ainda...
“Nós”, eu disse? Mas quem? Só há uma pessoa aqui,
cantando sua bela loucura para o nada absorvedor. Absorvendo o cenário
tristemente; lendo mapas coloridos e cheios de símbolos, mas que nada dizem.
Imagens gráficas da desorientação.
As lembranças como verdugos impassíveis. Mas, e o
afago? A Força do universo?
É o Planeta Deserto. Futuro do presente, já
presente. Então fujamos – viver ainda é a meta.
Isto é, fujo.
Eu, liricamente.
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