domingo, 11 de março de 2018

A descoberta






(Agora que canto e planejo,
a nau muda de rota rumo à luz.)

Trago do mais inviolado recôndito da alma
o soro antibélico imutável e revolvente,
que se projeta num espasmo de força ascendente,
transmudada em sabor de vida constante.

O solo desta morada é móvel,
porém seguro, forte, definido.
Envolvo-me no morno momento auspicioso
e tua suprema ternura, recém descoberta,
põe-me de olhos fechados
para saborear a sublime emanação do Alto.

E eu julgava-te extinto...

Total é a abertura,
num lapso de tempo tudo é claro,
simples e complexo
como num perfeito casamento de realidades.
Apenas me curvo à ciência dos eventos
que te envolvem e te trazem a meu lar.
Deixo-me dominar sem resistência ou seriedade;
me esqueço, me abandono em teu carinho
sem raciocinar.
Me atiro de olhos fechados,
me abro para a dor dos amantes,
para a saudade dos distantes,
para o fome dos desejos,
para a sede dos prazeres,
para a força das esperanças,
para a resignação das dúvidas,
para a dúvida das certezas
e para minha própria fraqueza tão terna...

Apenas me sinto vivo novamente,
e nada lamento por isso.

Encaro nos olhos,
mais uma vez,
este velho-novo,
conhecido-desconhecido sentimento.








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