sábado, 10 de março de 2018

Cameo lightcode






Semelhança auditiva de um silvo de freada,
algo longo como uma cauda de um cometa imemorial,
óculos espatifados no asfalto cenográfico,
esmigalhadas parafernálias
que tenho obrigação de descrever:
especificações do relatório.

Batida de claquete
na completa escuridão
e na horrível solidão.

Vozes sem língua.
Possíveis risos extraterrenos.

(Corta!)

Aglomerados de fiação e engrenagens.
O ar respirável da presença invisível.
O código de luz de slit-scan.
A bênção obscura por detrás das cortinas.
Portinholas...
“– Não sei sonhar agora.”
“– Você não tem opção.”

Semelhança olfativa de cabelos queimados.
Tubos acrílicos despontam
entre borrões-bolha vaporosos
de um tipo de gelo seco surgido praticamente do além.

A planilha do meu relatório
imediatamente desaparecida.
Um efetivo extermínio
da última coragem.

Os sinais na distância, incompreensíveis,
são claramente intencionais
e não deveriam ser para alguém na minha função.
Nunca tive permissão para qualquer protagonismo.
Eu jamais poderia ser o alvo
desta trama oculta (ou ocultista).

O treinamento das almas novas
é um açougue ferruginoso.

Poeira demais nas pás das hélices
para poderem ter sido os instrumentos
fatalmente cortantes
substituidores de claquetes.
Assim, emerge a verdade...

O epicentro do sonho
sou eu.
Sempre fui e serei,
eternamente.








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