Eu não estou a fim de prosseguir.
Impeça-me de mostrar o meu ponto
fraco.
Você não precisaria falar se me
ouvisse
e tentasse montar o quebra-cabeças.
Só tenho um mínimo conhecimento
a respeito do meu papel neste ritual
psicológico.
Ainda não consigo aceitar o choque
de saber que você nada entendeu,
tendo vivido o que viveu.
Como eu.
Esta madrugada sonhei
que você morria em meus braços.
Não lembro tanto das palavras,
ficaram mais os sentimentos.
A languidez do seu corpo,
o filete de sangue que escorria da sua
boca
e o gosto dele na minha
ainda insistem a me fazer voltar
a procurar você.
Nenhuma pessoa existe,
nenhuma pessoa habita
onde a fé deixa de ser sua
para se tornar a moeda de troca
dominante
de quem lhe controla.
Nenhuma pessoa existe,
nenhuma pessoa reside
neste deserto supliciante,
neste abismo entediante de
caricaturais recordações
sentimentais.
Talvez minha emoção não seja das mais
banais;
você pode ao menos sondar
o que é em você equivalente.
Meus medos ofuscam a definição de meus
desejos
e creio que você conhece mais alguém
assim.
Temos tão pouco senso de discernimento
e tanto o que aprender...
Essa esdrúxula convicção das decisões,
portanto
pode ainda ocultar a pior faceta
de mais uma paranoia motivadora.
Sobre o planeta há muitos lugares como
esse,
onde gente como você nasce.
A rotina disfarçada contagia
seus pertences, suas posses, suas
contas.
Sei que esta nossa condição não se
deve
unicamente à nossa própria
incompetência.
Mas, seja como for,
colheremos o fruto de cada vício não
suspeitado.
Para sempre.
Hoje precisei falar com você.
Falaria a todo custo,
sob o sol ou sob a chuva,
para me certificar de que ainda
encontro
motivo para continuar.
Esta madrugada eu chorei (...)
Nenhuma pessoa existe...
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