terça-feira, 27 de março de 2018

Sonhei que você morria em meus braços... (poema inacabado – eternamente)





Eu não estou a fim de prosseguir.
Impeça-me de mostrar o meu ponto fraco.
Você não precisaria falar se me ouvisse
e tentasse montar o quebra-cabeças.
Só tenho um mínimo conhecimento
a respeito do meu papel neste ritual psicológico.
Ainda não consigo aceitar o choque
de saber que você nada entendeu,
tendo vivido o que viveu.
Como eu.

Esta madrugada sonhei
que você morria em meus braços.
Não lembro tanto das palavras,
ficaram mais os sentimentos.
A languidez do seu corpo,
o filete de sangue que escorria da sua boca
e o gosto dele na minha
ainda insistem a me fazer voltar
a procurar você.

Nenhuma pessoa existe,
nenhuma pessoa habita
onde a fé deixa de ser sua
para se tornar a moeda de troca dominante
de quem lhe controla.
Nenhuma pessoa existe,
nenhuma pessoa reside
neste deserto supliciante,
neste abismo entediante de caricaturais recordações
sentimentais.

Talvez minha emoção não seja das mais banais;
você pode ao menos sondar
o que é em você equivalente.
Meus medos ofuscam a definição de meus desejos
e creio que você conhece mais alguém assim.
Temos tão pouco senso de discernimento
e tanto o que aprender...
Essa esdrúxula convicção das decisões, portanto
pode ainda ocultar a pior faceta
de mais uma paranoia motivadora.

Sobre o planeta há muitos lugares como esse,
onde gente como você nasce.
A rotina disfarçada contagia
seus pertences, suas posses, suas contas.
Sei que esta nossa condição não se deve
unicamente à nossa própria incompetência.
Mas, seja como for,
colheremos o fruto de cada vício não suspeitado.
Para sempre.

Hoje precisei falar com você.
Falaria a todo custo,
sob o sol ou sob a chuva,
para me certificar de que ainda encontro
motivo para continuar.

Esta madrugada eu chorei (...)

Nenhuma pessoa existe...








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