O dia inteiro
diante de uma tela opaca,
vasculhando o lixo
da cultura humana,
tentando
encontrar algo que possa lhe consolar:
você se esquece
rapidamente
que durante este
mesmo tempo eu fico aqui,
desolado e sem
direção,
esperando por
aquela atenção
que só você pode
me oferecer.
Talvez apenas
conversar,
recuperar todo o
tempo que desperdiçamos.
Nada muito radical,
afinal.
(Raízes cruas
alimentariam nossas noites?)
Quem sabe sair
numa manhã de sol,
andar de pés
descalços em algum lugar
como faziam
nossos ancestrais,
ao menos uma vez.
Amar como os
homens do futuro.
Lembrar que ainda
há tempo
para se marcar nossa
passagem pelo mundo.
O sabor eterno
dos momentos únicos…
De repente, uma
explosão;
o tempo perdido
arromba a porta,
nos algema e
arrasta
para um futuro
ignorado.
Não diga que não
avisei –
você não conhece
quem está no controle,
quem lhe observa
do outro lado.
Mas agora o
Terceiro Anticristo está dentro de você;
seu metabolismo
já assimilou
o deus da guerra
que lhe modelou.
Orbitamos o globo
da morte,
esvoaçamos junto
à lâmpada que nos ludibria,
sorrimos todo dia
para nossos
espelhos partidos.
Nichos de prazeres
pequenos e imediatos –
horizontes liqüefeitos.
Monstro único de
múltiplos olhos
sobre você.
Múltiplos monstros
criados dentro da sua mente.
Alucinações tão pungentes
quanto tiros e facadas
e machadadas
e escuras teias de viúvas negras
cultivadas.
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