Não brincamos mais como antigamente...
Já pegamos nojo do que desejávamos inutilmente...
Quebramos nossos espelhos num acesso
de fúria ardente...
Cortamos nossos pulsos para saber como
é que se sente
o passar do tempo, o incontrolável
esvair da mente
sobre o ofertado presente –
escarnecedor!
das vontades penetrantes, delirantes,
libertadoras das correntes sufocantes
nestas noites áridas, senilizantes,
de instantes pútridos corrompidas!
Ida?
Somos Vida e não sabemos onde
semeá-la.
Somos Sonho e não lembramos de
colhê-lo.
Somos os deuses impotentes que julgam
se divertir
imiscuindo-se nos teledramas fictícios
da estação.
Mas
(um momento... p/ favor...)
quem
se
imiscui agora
por entre
as luzes cônicas girantes?
Cavaleiros da sabedoria
sem passado?
– Garotos.
Corpos, roupas, perfumes,
apenas garotas.
O que mais poderia seduzi-los tanto
como o esquecimento?
– O momento.
Novos brinquedos?
Eis a terra onde viemos chegar.
Eis a luz que pretendia nos cegar.
Eis os cegos tateando o lugar
do conforto disponível pelo tempo
necessário.
O tempo necessário é o tempo da
colheita
de um corpo mal maduro, reentrância
que se ajeita,
grito surdo, luta certa, a turba
(una?) logo aceita
e assim persiste um rito funerário.
Erário?
Sempre há um errado na distância parado
– distância dos olhos perdidos de
chorar.
Na ânsia de secá-los, escolhera aqui
dançar,
após algumas doses, comedidas – o
calado.
(Corte.)
A visão do alheio,
o sabor do alheio,
a propaganda do alheio,
a alma do alheio em si
e toda sua fantasmagórica sedução,
afastando-nos ao final
de reconciliar-nos conosco mesmos.
Uma fuga maníaca
cuja chave da compreensão
ainda não nos fora dada
por nenhuma teoria ou hipótese
psicoantropofilosófica.
(Cole.)
Revolucionadores de crenças
renegados...
Centavos e centavos em caça-níqueis
derramados...
Beijos vitais em mortais lábios
desperdiçados...
Manjares e delícias em contêineres
embolorados...
Cartas mortas destruídas sem
cerimônias sagradas
– salgadas águas dos olhos joviais,
aos poucos envelhecendo de dor,
curvados ao peso da traição e da
ilusão,
o requinte da negação, do sarcasmo, do
mando,
atroz e corrosivo mando inexplicado,
metalizado,
petrificado,
esvaziado de sentido,
corrompido.
Rompido?
Basta.
(Não ainda, Senhor...
Faz-me santo unicamente num mundo
em que isso seria útil para alguém...
Ensina-me mais
sobre utilidades e urgências.
A visão dos fatos
em suas angulosidades e sinuosidades.)
Pois bem.
Num anfiteatro às margens de um grande
rio,
o ajuntamento de milhares da
cabecinhas juvenis.
De certa forma, era tudo que
precisávamos.
Os fatores já estão relativamente
isolados
para facilitar a pesquisa.
Mas alguns de nós têm medo...
Medo da pesquisa...
O que pode se comprovar...
Medo de que pode acontecer mais tarde
a toda carne e ossos da superfície
terrestre inteira
que estarão expostos fragilmente
às suas psicóticas almas.
Como conseguiremos, então,
salvar todos estes pobres corpos?
A única beleza genuína que ainda resta
neste cenário de fim dos tempos?
Algum tesouro brilhante
poderia cair do céu agora;
alguma beleza, nem que pequena e
fugaz...
Mas as perspectivas
são de um espaço aéreo novamente
disputado
e uma órbita Clarke outra vez
abarrotada:
novas formas de controle hipnótico
cairão sobre nós
feito pó de fadas.
Aceito com avidez, bom grado
e violenta submissão.
e violenta submissão.
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