“Será que somos só nós dois no
quarto?”
“Onde se esconde o medo?”
Ora, derrame sua pragmática verdade
sobre mim
e esqueça todo o resto!
Envolva-me com seus laços,
enlace-me como o íncubo indefeso que
sou.
O universo está a nosso favor agora;
a intensidade do desejo autêntico e
sagrado
suplanta todo e qualquer efeito
colateral hipotético.
As madrugadas malditas desabam,
acusações improcedentes ferem,
mas tudo logo se cura,
pois há um universo só nosso, que
dominamos;
o sangue que explode na tela
nos inocenta no tribunal da
consciência.
Implodimos como estrelas de
grandessíssima massa
e adentramos a nova dimensão nunca
teorizada
– a nossa.
A canção de ninar suingada dos
didgeridoos
no documentário aleatoriamente
selecionado
fortalece e lubrifica agora o membro
rijo
para os suaves golpes, contidos e
expansivos
e as abominações consentidas pelas
externas forças
pouco ou nada são diante do sentimento
de prazer atemporal.
Lá fora é só o vento – nenhum
intrometimento –,
mas olhe bem aqui dentro:
guardo o segredo da vida para você.
Aproveite bem sua juventude enquanto é
tempo,
pois dentro em breve a guerra e a paz
mostrarão
nossas falsas cores...
numa radioteledifusão ideológica
de modernidades ultrapassadas.
(Os múltiplos assassinatos de Eros.)
Mas estamos acima disso.
Por cima um do outro, dentro de cada
anseio introspecto,
cada extroversão.
Corpos e delícias,
profundas e precisas carícias nos
socorrem.
Serestas brumosas
entreerguem-se ao sopé de um
monte-de-vênus.
Marte é mais belo,
somos vermelhos por dentro mas vivemos
fugindo
de tons intensos em busca daqueles neutros
que ofuscam ainda mais os nossos
sentidos
para a realidade que não poderíamos
negligenciar.
Não me negligencie agora.
Os milênios me moldaram para você.
As eras esperaram por este momento;
esforços incomensuráveis da natureza
para que estivéssemos aqui...
Não se esquive:
atenda ao magnetismo atrator.
Sonde a força contida
no pesadelo químico do meu corpo.
Seus nichos secretos
e deliciosamente estúpidos
sorriem para mim e me convidam
para nadar no entontecedor redemoinho
que arrebata meus anseios carnais
num carro de fogo serpentino
– uma tonitruante corrida
pelo cumprimento de um divino desígnio!
Um por um vão caindo sobre nós
os flocos crocantes da mais utópica
castidade,
toda a sensual intrepidez de nossos
espíritos.
espíritos.
espíritos.
espíritos.
espíritos.
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